As 10 fake news sobre a Nascar e os seus freios. A Fórmula 1 não está assim tão longe

7/16/2019

 A Nascar Cup Series é o reino do espetáculo: o formato do campeonato, as diferenças mínimas nos orçamentos das equipes e as performances semelhantes dos 3 motores usados favorecem o equilíbrio, gerando corridas com largadas com pouca diferença e o resultado incerto

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Pouco espetáculo na pista, mas tecnologia de ponta, com soluções técnicas introduzidas nos carros de corrida quase em todos os Grandes Prêmios: A Fórmula 1 é, sem dúvida, a rainha do Motorsport, mas por causa de sua natureza falta equilíbrio. Desde 2015, apenas 3 equipes conseguiram ganhar pelo menos uma competição.​

A Nascar Cup Series, ao invés, é o reino do espetáculo, como demostra o número de 12 pilotos que venceram pelo menos uma corrida em 2018. o formato do campeonato, as diferenças mínimas nos orçamentos das equipes e as performances semelhantes dos 3 motores usados favorecem o equilíbrio, gerando corridas com largadas com pouca diferença e o resultado incerto até a bandeira quadriculada.​

Por outro lado, muitos pensam que a Nascar Cup Series consegue alcançar esses resultados apenas limitando ao mínimo as evoluções tecnológicas e usando soluções técnicas antiquadas, em benefício do status quo. Em vez disso, exatamente para otimizar o uso de carros muito pesados (1.542 kg incluindo piloto e combustível), novas soluções são continuamente testadas.​

​O que mais surpreende, quem não segue a Nascar Cup Series, é o cuidado com que os sistemas de freios são tratados seja em termos de engenharia que no modo como são usados. A esse respeito, identificamos 10 fake news sobre os freios da Nascar Cup Series e para cada um deles desmentimos a respectiva lenda urbana.​


 


 

1) ​Os freios são usados mais na Fórmula 1 do que na Nascar Cup Series. FALSO

Considerando os tempos de corrida na volta da pista, na Fórmula 1 os freios são usados com uma porcentagem entre 13 e 27 por cento: porcentagem mais baixa é encontrada em Monza e em Spa-Francorchamps, onde os freios são usados respectivamente em cada volta por 10 segundos e meio e 13 segundos. Em Spielberg, ao invés, os freios são usados por 9,8 segundos por volta, mas a pista é mais rápida e, portanto, a porcentagem chega a 15 por cento.​

Na Nascar Cup Series, ao contrário, as diferenças entre as várias pistas são mais marcadas: nos grandes ovais, como Talladega e Daytona, os pilotos não usam os freios, exceto na volta de retorno para as boxes e em caso de acidente. Em ovais mais curtos, como por exemplo, Martinsville, os pilotos usam freios durante cerca de 7 segundos, em cada uma das duas curvas. Considerando que o tempo da volta é em torno de 20 segundos, o uso dos freio chega a uma porcentagem de 70 por cento.​


 

2)​ Os freios contam pouco porque se corre somente em pistas ovais. FALSO


 

Desde 2018, 3 corridas foram disputadas em pistas de rua: os carros do campeonato Nascar Cup Series competem no Sonoma Raceway (circuito de 3,2 km com 10 curvas), em Watkins Glen (circuito de 5,4 km com 11 curvas) e no Charlotte Motor Speedway (circuito de 3,7 km com 17 curvas). Este último tornou-se, em setembro de 2018, o primeiro circuito de rua usado nos Playoffs, demonstrando uma importância crescente dessas pistas.​


 

Nestas pistas, como é evidente, os freios são usados para reduzir a velocidade antes de entrar em quase todos os cantos. Em média, o uso total dos freios na volta da pista é de cerca de uns vinte a trinta segundos, o equivalente a 30 por cento da duração da corrida. Para evitar o sobreaquecimento excessivo em Watkins Glen, são utilizados discos Brembo com canais de ventilação de 22 mm de espessura.​

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​3) ​Não sendo de carbono, os discos da Nascar são antiquados. FALSO


 

Uma das diferenças entre os discos da Fórmula 1 e os da Nascar Cup Series é o material com o qual são feitos: carbono é proibido na série dos EUA e, portanto, os veículos usam discos de ferro fundido. Alguns consideram este aspecto como um sinal de atraso tecnológico, mas ignoram a pesquisa e a experimentação contínuas realizadas pela Brembo sobre as diversas variáveis e características dos discos de freio de ferro fundido, a partir da ventilação dos discos, isto é, o desenho dos canais de ventilação, que fazem o resfriamento do disco na corrida. Nisto, os testes computacionais, estáticos e dinâmicos, realizados pela Brembo sobre as dimensões, forma, número e curvatura dos canais não deixam nada a dever aos dos orifícios nos discos de carbono.​


 

Os sistemas de fixação da faixa de frenagem à campânula também foram aperfeiçoados, para evitar deformações e rachaduras em caso de superaquecimento. Análoga é atenção a pesquisa e experimentação dedicada pela Brembo ao projeto e realização dos acabamentos superficiais dos discos de ferro fundido da Nascar Cup Series. E, enfim, não deve ser subestimada a composição química do ferro fundido utilizado, fruto de experimentações contínuas. Precisamente porque é ferro fundido, toda estas pesquisas têm repercussões nos discos usados pelos carros de estrada americanos mais comuns.​


 


 

4) ​Os sistemas de freios são os mesmos para todos os circuitos, como na F.1. FALSO

Ao contrário da Fórmula 1, onde cada equipe usa o mesmo modelo de pinça de freio para uma inteira temporada (excluindo obviamente as evoluções durante a temporada), na Nascar Cup Series os 3 tipos de ovais requerem outras tantas variedades de pinças de freio porque o uso dos freios é diferente. Nos Super Speedway (ovais de ao menos 4 km) os freios nunca são utilizados, se não para a entrada no box ou em caso do uso das bandeiras amarelas. Nos circuitos intermédios (ovais de 1,6 a 4 km) os freios são empregados muito pouco, enquanto nos Short Track o sistema de freios é usado ao longo de toda a curva. ​

Por isso, nos Super Speedway se usam pinças menores, nos Short Track pinças maiores e nas pistas intermediárias um meio termo. Além disso, enquanto na Fórmula 1 o tamanho dos discos utilizados é o mesmo ao longo do ano e apenas os orifícios de ventilação variam (a opção de resfriamento médio com 800 furos, resfriamento alto com 1.250 furos e resfriamento muito alto com 1.480 furos), na Nascar também muda o diâmetro e a espessura dos discos dianteiros dependendo do tipo de circuito.​


 

5) ​A desaceleração cresceu menos do que na Fórmula 1. FALSO

Ao longo de uma década, a desaceleração máxima na Fórmula 1 cresceu cerca de 10-14 por cento. Isso é demonstrado pela primeira curva do Grande Prêmio da Itália, em Monza, conhecida como Variante del Rettifilo, na entrada da qual a desaceleração enfrentada pelos pilotos em frenagem passou de 5 g em 2009 para 6,7 g em 2018. ​

Na última década, os sistemas de freios da Nascar Cup Series também melhoraram muito, graças à Brembo, que usou o know-how adquirido em 40 anos de corrida. Apesar de ter apenas 4 pistões, as pinças atuais oferecem potência de frenagem idêntica à das 6 pistões da década passada. E o aperfeiçoamento dos discos e pastilhas se traduz em uma desaceleração máxima que cresceu em média 20%.​​


 


 

6) ​Os sistemas de freios são idênticos para todos os pilotos. FALSO

Na Fórmula 1 cada equipe, de acordo com as necessidades específicas do veículo, define junto com os engenheiros da Brembo a relação ideal entre peso e rigidez que as pinças de freio devem ter. Alguns preferem pinças mais leves e menos rígidas, enquanto outros optam por soluções mais conservadoras, caracterizadas por maior rigidez, mas também maior peso. Um equilíbrio delicado que leva a Brembo a desenvolver, de forma completamente autônoma o sistema de freios para cada equipe.​

O que muitas pessoas não sabem é que, também na Nascar Cup Series, cada equipa solicita para que a Brembo personalize, com maior ou menor intensidade, sistema de freios. Dado que na mesma equipe há pilotos com diferentes estilos de frenagem (há aqueles que adotam um estilo de monoposto, com uma freada inicial intensa e depois decrescente e aqueles que preferem o contrário), dois companheiros de equipe podem usar diferentes materiais de atrito.​

Neste caso, mais do que as pinças de freio, a constumização diz respeito sobretudo aos materiais de atrito e aos discos de freio com diferentes ventilações, diâmetros e espessuras, dependendo das exigências aerodinâmicas de cada veículo. Para atendê-las a Brembo estuda soluções sob medida dos canais de ventilação dos discos. ​


 
 

7) ​Na Nascar Cup Series, os freios são usados apenas para frear. FALSO

Desde sua estreia na Fórmula 1, Michael Schumacher surpreendeu a todos com sua capacidade de frear e acelerar simultaneamente, usando os dois pés ao mesmo tempo: o direito no acelerador e o esquerdo no freio. Desta forma, ele foi conseguia enfrentar as curvas com velocidades mais altas do que os adversários, ganhando centésimos de segundo preciosos em todos as curvas da pista.​


Da mesma forma, nos grandes ovais da Nascar Cup Series, como Indianápolis, Daytona e Talladega, quando um carro fica colado no de trás, o piloto pisa ligeiramente nos freios para evitar que se choquem. Agindo assim, mantém o motor em plena capacidade, uma hipótese que não ocorreria se soltasse o acelerador. Além disso, nos ovais pequenos, o sistema de freios é usado não apenas para desacelerar, mas também para ajudar o carro fazer a curva. ​


 

8) ​As temperaturas atingidas pelas pinças na Nascar Cup Series são baixas. FALSO

Na Fórmula 1, em pistas caracterizadas por muitas frenagens em sequência, como por exemplo o GP de Mônaco e o GP da Hungria, a temperatura das pinças de alumínio-lítio pode atingir 200 graus centígrados. Nas outras pistas, ao invés, chega a picos de 150-160 graus centígrados. No entanto, a dissipação do calor é imediato porque, quando se atingem temperaturas muito altas, existe um risco de perda da rigidez.​

Na Nascar Cup Series, ao invés, as pinças podem chegar a 440 graus Fahrenheit, o equivalente a mais de 226 graus centígrados. Ainda mais alta é a temperatura das pastilhas e dos discos, que atinge respectivamente 871 graus centígrados e 982 graus centígrados. Tudo isso é possível graças ao fluido de freio Brembo HTC 64T, que possui um ponto de ebulição de 335 graus centígrados, superior a dos produtos concorrentes.​


 

9) ​As pinças são muito pesadas em comparação com as de F.1 e GT. FALSO

Para frenar os carros que pesam mais de uma tonelada e meia, é normal esperar encontrar sistemas de freios imponentes. Ao invés, a pinça monobloco dianteira Brembo de 6 pistões para os Short Track pesa 2,8 kg e a dianteira de 4 pistões para os Super Speedway não passa dos 2,3 kg. As pinças traseiras são ainda mais leves: 2 kg para a unidade para Short Track e 1,5 kg per os Speedway para os quais é disponível até mesmo a variante Light de 1,2 kg.​

Estes últimos valores estão em linha com os das pinças dianteiras da Fórmula 1 e Fórmula E. ​


 

10) ​Os freios da Nascar Cup Series se desgastam pouco. FALSO

Durante um Grande Prêmio de Fórmula 1, o consumo das pastilhas e dos discos de carbono é inferior a um milímetro. Os protótipos que, ao invés, competem nas 24 Horas de Le Mans e que também usam material de atrito de carbono se queixam de um consumo de 3-4 mm para o disco e 8-10 mm para a pastilha durante as 24 horas da corrida.​

Estes valores, no entanto, não são nada comparados com os 9 mm de desgaste em média de cada pastilha em Martinsville e os 11 mm que são consumidos em Watkins Glen. Estes dois valores representam a enésima confirmação do papel absolutamente não secundário desempenhado pelos freios na Nascar Cup Series. ​